Beabá: desmistificando o câncer para crianças com o poder da informação

Atuar na indústria do e-commerce coloca a Shopify em contato com propostas de impacto variadas, disruptivas e inovadoras. Nossa equipe está acostumada a facilitar sonhos de empreendedorismo nos quatro cantos do mundo, mas as voltas que a vida dá sempre nos trazem gratas surpresas que nos convidam a pensar fora da caixa.

OBeabáé um desses projetos que ultrapassa o universo do e-commerce rumo a um propósito muito maior. Venha conhecer de perto a história dessa iniciativa que temos muita honra de hospedar no nosso ecossistema.


Do voluntariado à vocação

A produtora Simone Lehwess Mozzilli é voluntária em casas de apoio e hospitais para crianças e idosos desde jovem, comemorando seus aniversários ou simplesmente visitando tais espaços para doar seu tempo e atenção aos pacientes. Em 2003, Simone esteve pela primeira vez em um hospital oncológico como voluntária e, em 2007, participou de um programa de voluntariado da Disney com a produtora que dirigia à época.

À medida que o tempo passava, Simone se dedicava cada vez mais ao voluntariado, passando mais horas do seu dia nos corredores dos hospitais e da Casa de Apoio à Criança com Câncer. Em 2010, ela conheceu Ana Luiza, paciente de Manaus que estava internada no Hospital do Câncer (Hospital A. C. Camargo Cancer Center, localizado em São Paulo) e precisava de doação de sangue para prosseguir com o tratamento. As duas desenvolveram uma bonita amizade que durou até o falecimento da menina, quando Simone deu mais um passo em sua trajetória como voluntária ajudando os pais de Ana Luiza a fundar oInstituto ALGUEM, uma ONG que facilita o acesso a tratamento de crianças com câncer no Norte brasileiro.

“Ajudávamos as famílias desde o começo, indo ao aeroporto para receber as crianças que vinham do Norte para se tratar nos hospitais de São Paulo. Logo comecei a perceber a dificuldade que não só as crianças, como também as famílias, tinham para entender o que era a doença. Muitos pais acreditavam que era possível pegar câncer pelo ar e se recusavam a deixar seus filhos perto de crianças com câncer para evitar contaminação. Com a experiência que desenvolvi com os projetos da Disney, comecei a explicar para essas crianças o que era o câncer e a desenvolver um material informativo que fizesse sentido para elas”, conta Simone.

Comecei a explicar para essas crianças o que era o câncer e a desenvolver um material informativo que fizesse sentido para elas.

Simone Mozzilli, fundadora do Beabá

Em paralelo à missão de “traduzir” a doença para as crianças, Simone viu-se ainda mais próxima dessa causa ao sair de uma operação simples, para remover um cisto ovariano, com o diagnóstico de câncer em penúltimo estadiamento. Já familiarizada com a equipe do Hospital do Câncer, Simone começou seu tratamento na instituição, ao lado das crianças que assistia como voluntária. Logo, a publicitária se tornou uma referência não só para os jovens pacientes e seus pais, como também para os profissionais da saúde, que volta e meia a chamavam para conversar com alguma criança que estivesse passando por uma dificuldade específica: “Eles me ligavam, falando: ‘Si, tem uma criança que não quer colocar o cateter. Você pode vir aqui conversar com ela?’, e eu ia, é claro”.

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Além disso, em um esforço de entender a própria doença, Simone recorreu à internet para obter informações mais sólidas sobre seu quadro de saúde:

“Fugi do Google (é claro!) e entrei direto nos sites dos hospitais, mas acabei me decepcionando. Em vez de informar, esses canais assustam os pacientes! Assim, enquanto publicitária, pude perceber uma brecha que precisava ser preenchida com conteúdo de qualidade e sensível à condição dos pacientes com câncer”, comenta Simone.

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Em 2012, Simone concluiu seu tratamento e continuou a “traduzir” o câncer por mais um ano para as crianças do hospital. Sobrecarregada com as demandas da produtora,Simone decidiu, ao lado da diretora do Hospital do Câncer e mais alguns médicos, abrir uma ONG de informação sobre o câncer, o Beabá.

O bê-á-bá do câncer

O Beabá está há seis anos na ativa trazendo informação e desmistificando o câncer com umguia ilustrado:

Foto: arquivo Beabá

Para Simone, o diferencial da organização é ainterdisciplinaridade:建conteudo e fruto da contribuicao de pacientes e profissionais da saúde, que trabalham em parceria com publicitários, responsáveis por traduzir as informações de forma adequada.

“O que a gente vê comumente por aí é a publicidade que estraga a forma como os pacientes são vistos pela sociedade como um todo, estampando fotos de pessoas com câncer que retratam apenas o sofrimento e suscitam olhares de pena. Um exemplo disso são as clássicas fotos de pacientes carecas. A coisa fica ainda pior com a disseminação daquele discurso da batalha, do paciente que vence o câncer e que automaticamente remete a uma derrota para os pacientes que faleceram. Eu não acho que meus amigos que morreram perderam, sabe? São essas metáforas do senso comum que precisam ser questionadas para que haja uma compreensão mais profunda sobre o câncer, que não resvale para estereótipos ou estigmas. Assim, a equipe de publicitários do Beabá mergulha na temática do câncer ao lado dos pacientes, que validam todo o conteúdo produzido antes de publicarmos”, explica Simone.

São essas metáforas do senso comum que precisam ser questionadas para que haja uma compreensão mais profunda sobre o câncer, que não resvale para estereótipos ou estigmas.

O esforço de desmistificação do Beabá acompanha todas as suas ações para não só deixar a sociedade bem-informada sobre o câncer, mas, principalmente para empoderar as crianças que têm a doença.

“Muitas vezes, o tratamento deixa o paciente temporariamente pior do que ele estaria se a doença ficasse sem tratar, e é difícil explicar essa lógica para a criança, afinal, a ideia de ‘tratamento’ é algo que a gente faz para ficar melhor. Conforme a criança lê o nosso guia, ela começa a entender o que passa em seu próprio corpo durante o tratamento e chega até a saber mais sobre a doença do que os próprios pais!”, comenta.

A relação com a Shopify

O guia do Beabá, carro-chefe da instituição, foi inicialmente produzido pela captação de recursos por financiamento coletivo, e é, até hoje, distribuído gratuitamente para crianças com câncer. Dois anos após o lançamento do guia, em 2014, a ONG decidiu abrir uma lojinha virtual que não deu muito certo por conta de um episódio de hackeamento. Essa experiência traumática com o comércio eletrônico deixou a impressão em Simone de que ter uma loja virtual era uma medida insegura.

Os岁se passaram e, em 2018年instituicao决diu apostar novamente na ideia de abrir uma loja para vender produtos do Beabá pela internet e ampliar o volume de arrecadações. Porém, as primeiras experiências com plataformas de e-commerce foram muito frustrantes, demandando conhecimento mais específico de programação para navegar por uma interface nada intuitiva.

“Quase um ano de frustração depois, comecei a pesquisar na internet por outras soluções. Dei uma olhada em sites de outras ONGs e, em uma dessas buscas, me deparei com o sistema de doações do siteObama Foundatione fiquei encantada! Corri para descobrir曲em tinha feito aquela página: Shopify. Não pensei duas vezes e me cadastrei para testar a plataforma. Na época, a Shopify ainda estava testando a sua versão em português, mas o idioma não foi um problema: em uma semana eu montei a carinha do site, sozinha, uma lindeza!”

“Montar uma loja com a Shopify é muito gostoso! É fácil de configurar, você deixa tudo pronto rapidinho e ainda conta com a ajuda de uma equipe de atendimento solícita e simpática.

Daí em diante, a relação com a Shopify só floresceu: Simone fechou o nosso plano mais simples com a porcentagem de desconto que oferecemos para instituições sem fins lucrativos e aloja virtual do Beabáfinalmente saiu do papel.

“Montar uma loja com a Shopify é muito gostoso! É fácil de configurar, você deixa tudo pronto rapidinho e ainda conta com a ajuda de uma equipe de atendimento solícita e simpática. É uma experiência maravilhosa!”, revela Simone.

Além das facilidades que o ecossistema Shopify proporciona aos lojistas, Simone também gosta muito do fato de conseguir manter um registro dos contatos de quem compra na loja do Beabá (doadores ou clientes que adquirem produtos): “Com o contato das pessoas, fica mais fácil para a gentedar um retorno e agradecerindividualmente cada apoiador do projeto”, explica.

OAlpha Beat Canceré um aplicativo do Beabá em parceria com o estúdio de games Mukutu, com 20 minigames que diverte e traz informações sobre o câncer e seu tratamento. Ele está disponível para dispositivos Android e iOS. Assim como o guia, o app é fruto do trabalho coletivo entre pacientes, profissionais da saúde e desenvolvedores.

Planos para o futuro

Simone costuma dizer que os produtos do Beabá se vendem sozinhos em eventos presenciais, mas reconhece a necessidade de investir mais na divulgação da loja virtual da ONG, para dar um gás nas vendas:

“Infelizmente, o dinheiro que arrecadamos não acompanha a quantidade de pedidos que recebemos para o Guia do Beabá. Logo, precisamos cada vez mais explorar formas de captar recursos para deixar o projeto mais sustentável”, comenta Simone.

Neste Setembro Dourado, mês de conscientização sobre o câncer infantojuvenil, a Shopify tem orgulho de fazer parte de um projeto tão bonito e transformador como o Beabá, e reforça que está de portas abertas para acolher cada vez mais propostas que promovam o conhecimento, a informação e a desmistificação de estereótipos danosos à vida em sociedade.

Foto de capa: arquivo Beabá



Which method is right for you?Sobre a autora

Carolina Walliter é escritora, tradutora, intérprete de conferências e editora-chefe do blog da Shopify em português do Brasil.

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